sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mais uma dose...é claro que eu tô afim!


Primeira dose e aquela melancolia, aquela queimação começando por onde o liquido passa.
Segunda dose e primeira tragada: o líquido já desce sem tanto você sentir, mas logo o mundo gira em segundos, a cabeça pesa ou você ri ou você chora.A primeira tragada vem como complemento de tal melancolia, você traga e sente aquela fumaça preta chegando até os pulmões e voltando pelo seu nariz formando um ciclo coloidal.
Torna-se compulsivo.
E aí por um instante você pensa na merda em que começou a fazer e que já não consegue mais parar – não por não ter freios, mas já por não ter forças para levar o pé até lá e pressionar.
E aí começa o ciclo vicioso e doentio. A falta do álcool e da nicotina tornam-se fato, que tanto eu tenho raiva.Apesar de tomar uma as vezes, sinto raiva da composição dos mesmos, desse veneno que conseguiu atingir o meu amorzinho, o meu vovô – câncer do esôfago e traquéia.
Às vezes passa um filme na cabeça das cenas que consegui presenciar... As quedas na porta de casa, as brigas, os palavrões. O álcool e a nicotina conseguiam dominar mais que o amor que vovô sentia por nós.
Mas aí começaram a surgir problemas, doenças novas a cada dia, até que uma gripe congestionou os pulmões e descobrimos o câncer. Já não dava pra correr contra o tempo para uma salvação, agora só bastava amor e carinho de toda a família. Abraçávamos, beijávamos e contávamos histórias do dia a dia.
35 kg e dois meses depois da descoberta do câncer – o alimento já não conseguia mais passar pelo esôfago, então começamos a alimentá-lo por sonda. Sim, foi difícil se acostumar com a idéia de que vovô não conseguiria mais levantar da cama pra pegar o arcodeon e tocar um forró dos mestres nordestinos.Foi difícil também ver a situação em que seu corpo se encontrava diante daquela cama: apenas pele e osso.
As cenas vem surgindo na cabeça me deixando aflita... e por isso: calo-me.

Cotidiano


Adoro observar pessoas, sempre gostei das expressões faciais que podemos fazer sem nem perceber!
Imagine uma sala de cinema lotada, você na primeira fileira ou na mais próxima da tela e por um instante olha para traz e vê milhões de rostos desconhecidos quase entrando na cena em que se passa, com os olhos saltando por estar aflito pra saber se no final o mocinho fica com a mocinha ou se o vilão mata todo mundo – oh que tragédia! Sim, este é um vicio meu.
Melhor ainda é se distrair num dia de trânsito intenso, pegar uma sinaleira fechada e ser o primeiro da fila observando as pessoas que atravessam a faixa de pedestre, em que estas parecem mais apressadas, mais preocupadas que você – que aflição – mas ai o sinal logo abre e você ouve buzinas quase que intermináveis em seu ouvido porque ninguém vê o que você consegue.
Outra coisa fascinante é a fila do banco em dias de segunda-feira ou de sexta-feira, os dias de pique. É incrível a paciência das pessoas naquela fila imensa em dia de pagamento. A ansiedade pra receber o dinheiro é notável e a esperança expressa nos olhos também, tal esperança que imagino que seja ‘espero que sobre um dinheirinho no final do mês’ ou ‘que eu consiga pagar as dividas’.
Mas, aliadas as expressões vêm as cores... Seja cor da pele, cor da roupa, cor do cabelo – tudo junto e misturado! Um exemplo seria a cor da roupa, se fossemos analisar pelo sentido de cada cor, as pessoas que sempre estão de preto seriam as tristes, preocupadas, ansiosas; as de colorido intenso são as felizes e assim por diante. Mas a cor nada influencia! O que quero dizer é o quanto elas fazem com que nossos olhos se voltem com atenção a elas, quanto mais escuras e vibrantes, mais se da vontade de olhar, de comer com os olhos.
Adoro também, quando estou triste, pegar várias fotos de quando era criança, principalmente as que estou sorrindo ou então assistir aquela fita de vídeo antiga do aniversário de um ano. Sempre consigo me animar com isso quando ele não consegue. E aí está meu prazer em expressões - o poder da descontração e por fotografias - por ser ainda possível escrever com a luz.
Tente observar mais e saberá o que quero dizer.

"Ela e sua janela espiando..."


Todos os dias subo uma ladeira imensa. Não me conformo em morar no 'pé da ladeira', mas acho gratificante passar por ela quando vejo o casal da casa amarela da esquina. Parecem cúmplices, amantes... Nestes dias em que tenho passado com freqüência por eles vejo a dedicação, a entrega do rapaz de cabelos bagunçados pela mocinha de cabelo longo liso - Diria que em questão de atração, neste caso é válido a lei: os opostos se atraem.
Lembro-me que eles namoram há anos, desde quando vim morar pelas bandas existe o casal oposto. Ele, o rapaz de cabelo bagunçado, sempre fazendo o percurso de ida para deixar a mocinha e a volta para casa. Ela sempre sorrindo... Minto!Já cheguei a observar uma vez uma falha deste casal. Não sei o que aconteceu, mas ela estava com um olhar distante com lágrimas escorrendo pelo rosto e por ser tão branca, o rosto logo estava vermelho.O rapaz com os braços a trazendo para perto de si. Coloquei-me no lugar dela, tentei imaginar o que estava se passando com eles e a única vontade que me dava no momento era de falar: é o casal mais lindo que já vi!Eles me lembravam a crônicas do Vinicius de Moraes, principalmente ‘Amor por entre o verde’ e ‘Para uma menina como uma flor’.
Tomara que toda vez que eu passe pela casa da amarela da esquina encontre o casal oposto transbordando amor em seus olhares e gestos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Refrão


É tão engraçado quando leio frases em que não acredito...'Quem tem sorte na vida, tem amor'.Que coisa mais ridícula!

Já nascemos com o amor cravado no peito, em algum lugar aconchegante do coração...tão profundo quanto o sentimento.Diante tal frase começaram as reflexões: quem descobriu em que lugar do coração o amor estava guardado, possui sorte.

Não há coisa melhor do que aprender a cultivar essa coisa desvairada que nos torna mais sensíveis, mais loucos pela coisa amada...que delicia!

A grandeza do ser está aí.Conseguimos, cada um no seu tempo, achar o amor.Todos na mesma intensidade, do mesmo peso - se é que já inventaram um amorometro.Existem aqueles que se doam,mas não significa amar mais, só se doar mais.E cuidado, muito cuidado nessa hora - a tendência é sofrer mais.

Falei tanto do amor existir em algum lugar do coração e esqueci totalmente do ser que nos faz encontrar o amor.Que difícil, não é?Simples se você tem coragem até onde for em busca da felicidade, de tudo e de si mesmo.Enfim, a pessoa amada é maestra.Qual outra conseguiria roubar todos os sentidos com um olhar, uma jogada de cabelo pra fazer charme ou ser tão bonita mesmo estando nervosa?Só o grande amor.E nisto eu irei entrar em contradição.Na busca da pessoa amada você tem que ter sorte sim!É fundamental ter uma dose de sorte e pitadas de coragem.

Melhor ainda quando o amor se firma entre os dois seres de sorte...quando o primeiro 'eu te amo' soa como doces palavras ditadas pelo vento aos ouvidos e tudo se paralisa de tanto ser surreal.Sim, surreal!Porque é tão inesperado que quando se ouve parece coisa de outro mundo, apesar de sentir a sinceridade, se é que vocês me entendem.

Perdi o fio do novelo que me guiava por esse texto, agora só é um próximo momento de reflexão meio Paulo Coelho com mesclagens de Cazuza e Clarice Lispector.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Corre, olha o céu...


As nuvens hoje não amanheceram sorrindo...nem eu!

sábado, 27 de junho de 2009

Codinome e beija-flor.



Difícil saber a hora de parar, não é?
Tenho meu lado surreal, como tudo e todos tem, temo por conta disso.


Imagine, imagine que uma planta para nascer precisa de terra fértil, água e luz solar...eu tenho a semente, mas não tenho o essencial para a vida dela.Isso me desperta angustia, quero ter essa vida nas mãos, poder cuidar com afagos.Se essa semente fosse como a semente do feijão, eu a colocaria em um algodão molhado...quem sabe nasceria?Mas não é!É muito mais que isso, é muito mais que uma semente!


Mudando de codinome...poderia se chamar terceira perna, a qual eu não tenho - mas tenho - e não sei viver sem, não sei viver sem mais!Adoro quando você mostra que é realmente a terceira perna, que quando estou caindo, chegando ao chão se arma para não me deixar cair.E o mais engraçado disso, é que você também me faz dobrar os joelhos, mas não como se estivesse caindo no chão, mas em você, me atirando para dentro dos nossos desejos.

As vezes acho que sei tanto desse nosso surrealismo...mas ai você vem cheio de façanhas, com caras e bocas, me mostrando que sei, mas que sei pouquíssimo.Isso é ótimo, estamos a procura de tudo e de nós mesmos! (Você diria, 'bengo' hahaha)

Nem mesmo o Chico, até mesmo o meu poetinha camarada não saberia expressar em música ou sonetos o que você é para mim de fato...e quanto me preenche. Obrigado por aparecer assim com pó de nuvem no sapato!